12 de abril de 2003

Miguel Sousa Tavares resolveu baixar as armas e apelar ao rigor dos factos. Palavra de honra que foi isto o que ele fez na crónica de ontem no "Público". Isto depois de passar as últimas semanas a distorcer os factos e a dizer que era propaganda tudo o que não lhe convinha. E, para ilustrar o "rigor dos factos", começou por dizer que só viu "uma dúzia de civis festejando a sua «libertação» junto aos ingleses" e "algumas dezenas de iraquianos festejando o derrube da estátua de Saddam". Enfim, "meia dúzia de oportunistas". Mais adiante, porém, lá acabou por reconhecer que terão sido milhares, como também reconheceu "que a guerra foi conduzida com o máximo de eficácia e, salvo alguns incidentes de passagem, com o mínimo de danos civis colaterais." Eu confesso que estou espantado. Apesar de a "dúzia de civis" se ter transformado, numa questão de parágrafos, em milhares, sempre é um avanço. A que se deverá tamanha mudança? Um súbito golpe de lucidez? Uma tentativa de não ficar do lado errado da história?