22 de setembro de 2003

Embora me pareça exagerado o ataque a Manuel Alegre, concordo com Helena Matos quando ela diz que «durante a ditadura, a censura e a própria repressão policial permitiram a muitos iludirem a sua mediocridade imaginando sucessos e reconhecimento público que efectivamente não mereciam». Por isso, acrescenta, «quando chegou a democracia e já não tinham o censor a dar-lhes importância nem a polícia a impedir-lhes as actividades e ficaram sós perante o público, o povo e, sobretudo, perante si mesmos, começaram por amaldiçoar o mercado, a competitividade e a concorrência.» Foi exactamente por esta razão que, há três anos atrás, deixei de ler o "Jornal de Letras", para quem um escritor (cineasta, pintor, actor, etc.) com passado anti-fascista é bom e quem o não tem não interessa.