22 de abril de 2009

VERGONHOSO. Mesmo sabendo-se quem manda na televisão pública, que naturalmente causa embaraços aos jornalistas da casa sempre que têm entre mãos matéria que não agrada ao Governo, custa aceitar que se façam afirmações como a que fez Manuela Moura Guedes a propósito da entrevista do primeiro-ministro à RTP, cuja forma como foi conduzida considerou «vergonhosa». E vergonhosa porquê? Estarei a ver mal, ou não vi nada que se aproximasse, sequer, de tal coisa. Pelo contrário: a pertinência de algumas perguntas levou a que o primeiro-ministro por várias vezes se irritasse com os entrevistadores, e a ninguém terá passado despercebida a agressividade com que Sócrates reagiu a algumas questões que lhe foram colocadas. As perguntas de Judite de Sousa e José Alberto Carvalho podiam ser outras e o formato diferente? Podiam. Mas as questões que se impunham foram colocadas, e isso é que importa. Além disso, quem é Manuela Moura Guedes para questionar o modelo de jornalismo praticado por quem quer que seja? Acaso será recomendável o modelo por ela seguido no Jornal Nacional? Não, a minha ideia não é defender o primeiro-ministro no «caso Freeport», nem me refiro, apenas, ao «caso Freeport». Falo porque me custa ver gente sempre tão crítica dos media elogiar o «jornalismo» da TVI, porque o «jornalismo» da TVI lhes serve os interesses do momento.