18 de novembro de 2011

O MONSTRO (2). José Manuel Fernandes não gostou que as recomendações do grupo de trabalho encarregado de estudar o serviço público de comunicação social ficassem praticamente resumidas ao triste episódio protagonizado pelo seu coordenador, que «a bem da Nação» e da sua imagem defendeu que a RTP Internacional deve ser «filtrada» e «trabalhada» pelo Governo. Vai daí, escreveu no Público que as palavras de João Duque foram uma intervenção «desastrada», e só uma intervenção «desastrada». Ora, acontece que as palavras de João Duque não foram, apenas, desastradas. A questão foi o que ele disse, não como disse. E convenhamos que de um sujeito que disse o que se sabe apenas se pode concluir uma de duas coisas: ou não tem a mínima ideia acerca do que andou a discutir, e nesse caso não se percebe por que integrou o grupo de trabalho; ou tem plena consciência do que disse, e o que disse é uma monstruosidade. Pretender reduzir o episódio a um mero fait divers não basta para que se torne um fait divers.