2 de novembro de 2015

CUIDADO COM ELE. Calvão da Silva, novíssimo ministro da Administração Interna, o tal que atestou a idoneidade do então banqueiro Ricardo Salgado perante o Banco de Portugal quando o ex-dono-disto-tudo se «esqueceu» de declarar ao fisco 14 milhões de euros recebidos do construtor José Guilherme sabe-se lá por que bons ofícios prestados invocando o nobre «espírito de entreajuda e solidariedade», foi a Albufeira inteirar-se da calamidade causada pelo mau tempo, e de caminho dar uma lição de moral aos desgraçados que sofreram elevados prejuízos e aparentemente não têm quem lhes valha. Segundo ele, para os lesados que não têm seguro a calamidade de ontem «é uma lição de vida», pois devem aprender «que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro». Ter «um pequeno pé-de-meia, em vez de o gastar a mais aqui ou além, paga um prémio de seguro», disse o ministro, que teceu ainda umas considerações piedosas sobre a vítima mortal que a tempestade causou, que diz ter-se entregado «a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado». Claro que, se tudo correr conforme o previsto, o cavalheiro passará à história daqui a uma semana, quando o Governo for pró maneta. Mas, pelo sim, pelo não, seria bom recomendar-lhe prudência e recato. É que pode haver mais calamidades daqui até lá, e ele é bem capaz de fazer mais asneiras.