1 de março de 2016

TRUMP. Que Trump é um candidato fora do sistema, está dito e demonstrado. Mas está por demonstrar que um candidato fora do sistema constitui, por si só, uma mais-valia. Pesados os prós e os contras, prefiro um político experiente no mais alto cargo da Nação a um aprendiz, por definição alguém sem experência alguma. (Admito que noutros cargos de menor importância a inexperiência política possa ser benéfica, mas não neste caso.) A inexperiência política de Trump, aliada a uma colossal ignorância em questões que me parecem essenciais (e a que há que juntar uma natureza belicosa, nalguns casos incendiária), constituem, por si só, uma mistura demasiado perigosa. Queiramos, ou não, um presidente terá forçosamente que decidir em matérias sobre as quais precisa de saber o mínimo, e Trump parece-me longe de saber esse mínimo. Pelo que já deitou da boca para fora, desconhece assuntos essenciais, o que é preocupante. O politicamente incorrecto e a frontalidade, características tão apreciadas por alguns (que o manterão à frente das sondagens há meses a fio contra todas as previsões, até dos mais reputados especialistas), não são bons por si mesmos, como muitos parecem acreditar. Um candidato que instiga o ódio, faz gala de ideias racistas e xenófobas, macaqueia um deficiente, que pratica a misoginia e a demagogia, que não só defende a tortura mais ou menos em vigor como acha que se deve ir mais longe, é mau de mais para ser verdade. Pior: se for eleito, ameaça tornar-se um pesadelo — que os americanos, mas não só, pagarão caro.