25 de maio de 2016

PROGNÓSTICOS A POSTERIORI. Consta que ninguém do Partido Republicano prestou a devida atenção ao «fenómeno» Trump, e o resultado está à vista: é tarde para o travar. A explicação é plausível. Mas a verdade é que não me lembro de ver ninguém (politólogo ou aparentado, independente ou politicamente comprometido) avisar atempadamente para o perigo Trump, como alguns agora tentam fazer crer, embora sem darem um único exemplo. O que se viu até há pouco foi a ausência total de qualquer análise a sério sobre a candidatura do multimilionário, a meu ver muito por culpa dos media ditos de referência, que levaram demasiado tempo a levá-lo a sério. Ninguém, absolutamente ninguém, previu que Trump chegasse onde chegou, provavelmente a começar pelo próprio. Os especialistas (assim ditos para simplificar) que agora andam por aí a dar raspanetes aos supostos incautos fazem-me lembrar o célebre futebolista que, à cautela, só fazia prognósticos no final do jogo. É que pior do que não ser capaz de acertar um prognóstico, por definição antes do jogo, só mesmo agora dizer-se que se fez (e acertou) mas ninguém sabe onde nem quando. Mas imaginemos que se tem prestado a devida atenção a Donald Trump. Teria sido diferente? Ter-se-ia evitado que chegasse onde chegou? Como não sucedeu, impossível saber. Há, no entanto, um facto que se vai demonstrando um pouco por todo o lado: apesar da proliferação de especialistas, de quem é legítimo esperar-se prognósticos mais assertivos, a política continua a ser muito imprevisível. Até para os melhores.